Oct 17, 2019
Mário Amorim Lopes é docente universitário, investigador na área da economia e políticas de saúde, e alguém que se descreve de forma provocadora como “despudoradamente liberal”. O Mário tem sido uma presença activa no discussão pública, seja no blog O Insurgente, no Twitter, ou ainda através dos ensaios sobre a área da saúde que tem escrito no Observador.
-> Apoie este projecto e faça parte da comunidade de mecenas do 45 Graus em: 45graus.parafuso.net/apoiar
Uma vez que nos identificamos ambos enquanto liberais - eu porventura mais “pudoradamente” do que o Mário -, e talvez, quem sabe, por eu ser um tudo-nada do contra, tentei puxar mais por temas em que previa que fôssemos discordar.
Resultou, por isso, numa conversa desafiante, embora até tenhamos discordado menos do que pensei inicialmente (o que mostra bem como não se deve reduzir as pessoas a rótulos).
Entre os temas em que estivemos alinhados destaco um que o Mário trouxe à conversa: o papel que os privados podem ter na saúde ou no ensino, e que não é, à priori, incompatível com um sistema de acesso universal..
Falámos também de questões que extravasam Portugal, como o aumento da concentração de riqueza em países como os EUA, e o aumento do poder de mercado de alguns gigantes tecnológicos; temas que me parece deverem suscitar no mínimo dúvidas entre liberais, visto que poder económico, esteja ele com indivíduos ou com empresas, facilmente converte-se em poder político.
Discutimos ainda uma crítica que faço a uma parte relevante da direita liberal em Portugal, que, em muitos casos, fala muito em meritocracia mas parece, na prática, dar pouca atenção a tentar diminuir a desigualdade de oportunidades.
Terminámos a discutir o que me parece ser um dos grandes desafios actuais para um progressista liberal: como fazer oposição às agendas políticas que vêm a reboque da expansão da política identitária e das tentativas de condicionamento do discurso sem deixar de reconhecer que existem, inegavelmente, problemas urgentes de injustiça social subjacentes que não se vão resolver sozinhos.
No total, percorremos uma série de temas, uns mais sociais outros mais económicos:
Uma última nota ainda para a qualidade do som, que não é a melhor, visto que a conversa foi gravada remotamente, mas acho que não incomoda excessivamente.
Obrigado aos mecenas do podcast:
Esta conversa foi editada por: Martim Cunha Rego
Referências abordadas na conversa:
The Constitution of Liberty - Friedrich A. Hayek
The Virtue of Selfishness - Ayn Rand
The Largest Study Ever of Libertarian Psychology - Jonathan Haidt
The Road to Serfdom - Friedrich Hayek
The Economist - The dominance of Google, Facebook and Amazon is bad for consumers and competition
Milton Friedman: ‘Pro free enterprise vs pro business”
The Economist - “The Nordic countries, The next supermodel”
David Brooks - The market and the welfare state go together.
Modelo de Hofstede das diferenças culturais
Livros recomendados:
Identity: The Demand for Dignity and the Politics of Resentment, de Francis Fukuyama
Europe: The Struggle for Supremacy, from 1453 to the Present, de Brendan Simms
Bio:
Mário Amorim Lopes é docente universitário e investigador, com um
percurso pessoal e profissional algo inusitado: forma-se primeiro
em Engenharia Informática, tendo trabalhado em São Francisco e
regressado a Portugal para fundar uma startup. Cessa a sua
participação e vai viajar um ano pela Europa e América do Sul de
mochila às costas, com pouco mais do que roupas e livros (D.
Quixote era a obra apropriada para esta empreitada). Regressa e
dedica-se um ano a uma banda de rock electrónico, em que faz
composição, produção e toca baixo. Entretanto, tira o mestrado de
Economia na FEP e muda de agulha. Do mestrado segue para o
doutoramento, onde estudou questões de economia e políticas de
saúde, realizando investigação e consultoria na área da saúde.
Escreve no blog Insurgente e produz ensaios sobre temas da área da
saúde para o Observador. É despudoradamente
liberal.