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Oct 22, 2020

Nuno Palma é professor de economia na Universidade de Manchester e investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Tem-se dedicado sobretudo à área da História Económica, que foi o tema da nossa conversa.

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Lembram-se do episódio com Henrique Leitão, que nos fez passar a ver de forma muito diferente a história da revolução científica? Esta conversa com o Nuno Palma suscitou-me a mesma reacção, mas em relação à história do desenvolvimento económico. 

Graças à investigação do Nuno, hoje sabemos melhor como evoluiu a economia, e o nível de vida, dos países da Europa ocidental. Para além disso, temos também uma ideia melhor das causas que explicam porque uns sítios se desenvolveram mais do que outros; e ainda, tão ou mais importante, quando começou essa divergência de destinos entre países como Portugal e a Inglaterra. 

Por exemplo, em relação a Portugal, o convidado fez, juntamente com Jaime Reis, um cálculo da evolução do PIB por pessoa desde 1527(!). E, como vão ver, há uma série de surpresas face ao que seriam, provavelmente, as vossas expectativas (e a minha). E como é que calcularam o PIB para uma época tão recuada? Não é fácil. Basicamente, tiveram de recorrer à informação que era recolhida na altura, sobretudo: livros de contabilidade de instituições como mosteiros, hospitais, ou a Universidade de Coimbra, onde constava informação sobre, por exemplo, preços e salários pagos. 

Noutro trabalho, este feito com António Henriques, o convidado tentou medir já não o crescimento da economia, mas as suas causas, tentando aferir a evolução comparada da qualidade das instituições entre Portugal, Espanha e Inglaterra logo desde 1385(!), até 1800. Mais uma vez, os resultados foram surpreendentes. 

Mas porquê medir a qualidade das instituições? Porque cada vez mais percebemos que o que determina o desenvolvimento económico dos países -- ainda hoje --, mais do que políticas económicas no papel, e para lá dos recursos naturais, é a qualidade das suas instituições. Instituições aqui significa, por exemplo, as limitações impostas ao poder executivo ou o cumprimento dos contratos. Em termos simples, desenvolvem-se os países cujas instituições permitem e encorajam as pessoas a dedicarem-se a atividades produtivas; não se desenvolvem aqueles onde o poder está concentrado nas mãos de uma elite, que vive à custa do resto da sociedade. Soa-vos familiar?

Se têm curiosidade por estes temas, vão de certeza gostar desta conversa.

Uma nota apenas para a qualidade do som: vão notar que o som do convidado está pior no último terço, pois tivemos um problema técnico. Nota-se uma diferença óbvia, mas creio que não afecta a compreensão. 

 

Índice da conversa:

  1. Investigação do convidado
  2. Evolução das instituições e do PIB per capita português entre ~1500 e ~1750
    1. Como comparava o PIB per capita português com o do resto da Europa Ocidental entre os secs XVI e XVIII
      1. Jaime Reis
    2. Qual foi a verdadeira importância dos Descobrimentos na economia portuguesa?
      1. Impacto do Brasil no sec XVIII
    3. Maldição dos recursos naturais
    4. Dutch disease 
    5. O ‘absolutismo’ no sec XVIII em Portugal 
      1. Efeito do terramoto de 1755
      2. Marquês de Pombal
    6. Comparação com o efeito da Peste Negra na Idade Média
    7. A mentalidade das elites da época 
    8. Corrupção e captura do estado
      1. Rent seeking
    9. Livro: J. H. Elliott - Empires of the Atlantic World: Britain and Spain in America 1492-1830
    10. A Mesta
    11. Daron Acemoglu e James A. Robinson - Why Nations Fail: The Origins of Power, Prosperity, and Poverty Paperback
    12. António Castro Henriques
    13. O problema, os efeitos negativos da falta de diversidade cultural na área da história academia que levar
    14. A conquistas no Brasil à Holanda (Companhia das Índias Ocidentais)
  3. Evolução das instituições inglesas
    1. O que é que aconteceu em Inglaterra em enviados do século XVII para que as instituições subitamente melhorassem imenso?
    2. Guerra civil 
    3. Catarina de Bragança
    4. Luís de Meneses, Conde da Ericeira
    5. Tratado de Methuen
    6. Jorge Borges de Macedo
  4. Evolução das instituições de Portugal e Espanha
    1. Perda da independência em 1580
    2. Os concelhos medievais
    3. Teoria populacional malthusiana
  5. O que aconteceu em Portugal depois de 1750
    1. PIB per capita em 1850 era igual ao de 1530
    2. As mudanças ocorridas no sec XIX
    3. O Estado Novo
  6. História Económica vs História tradicional 
    1. História contrafactual
  7. História Económica vs outras disciplinas da Economia
    1. Crítica a Melissa Dell & escola Acemoglu
  8. Blog do convidado: Portugal no longo prazo
  9. Recomendações
    1. Livro: Thomas Penn - ‘Winter King: The Dawn of Tudor England’
    2. Artigo: Jaime Reis: ‘O atraso económico português em perspectiva histórica (1860-1913)’

 

Obrigado aos mecenas do podcast:

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Esta conversa foi editada por: Martim Cunha Rego


Bio: Professor associado no Departamento de Economia da Universidade de Manchester, investigador do ICS da Universidade de Lisboa e investigador afiliado do CEPR. Anteriormente, foi Professor Auxiliar no Departamento de Economia, Econometria e Finanças da Universidade de Groningen, e Max Weber Fellow na European University Institute. Formado pela Universidade de Lisboa e pela London School of Economics. Principais interesses de investigação incluem história económica, macroeconomia e economia monetária, desenvolvimento e crescimento, e economia política.