Sep 11, 2019
Neste episódio, como prometido, trago-vos a 2ª parte da conversa que gravei com o RAP sobre Humor.
-> Apoie este projecto e faça parte da comunidade de mecenas do 45 Graus em: 45graus.parafuso.net/apoiar
Durante esta quase hora e meia fizemos uma viagem ainda mais alargada ao mundo do humor.
Falámos sobre os vários tipos e funções do humor, desde a sátira ao humor autodepreciativo; o que nos levou à dimensão da comédia enquanto transgressão e ao modo como, quando se faz de um determinado assunto terreno sagrado, isso o faz automaticamente, enquanto objecto de humor, ainda mais apetecível.
Conversámos também sobre o que está por trás desta nossa capacidade para achar graça, e que nalguns casos se pode descrever como uma ‘suspensão da compaixão ou da emoção’.
Isto levou-nos a um assunto que já tínhamos aflorado na 1ª parte da conversa: o papel da moral no humor. Isto é, se a ética do humorista (e do espectador), têm ou não influência no humor que o comediante decide fazer e naquilo a que achamos graça. Por exemplo, será que é verdade, como os comediantes insistem, que “dizem qualquer coisa para provocar o riso da audiência”. E, do nosso lado, espectadores, há temas ou abordagens restritos ou tudo é ingrediente para o humor? Esta questão toca em temas que podem dificultar a dita ‘suspensão da emoção’, como o piadas racistas ou xenófobas ou humor desviante. É uma discussão muito interessante, esta, e ao editar a conversa fiquei com a sensação de que a poderíamos ter aprofundado mais. No fundo eu partilho a perspectiva do Ricardo, mas acho que há algumas cambiantes que é interessante discutir.
E pronto, foi uma excelente dupla dose de conversa. A vantagem de ter sido uma conversa longa é que pudemos cobrir muitos assuntos. Mas havia ainda mais a discutir, como por exemplo os desafios da escrita humorística e do guionismo, ou a comparação do humor com outras formas de criação humana e de arte. Talvez numa próxima conversa!
Obrigado aos mecenas do podcast:
Agradecimentos especiais neste episódio: Paulo Ferreira, Luís Figueiredo, Tiago Diogo
Referências abordadas na conversa:
Revisionist History - The Satire Paradox
Fools Are Everywhere: The Court Jester Around the World - Beatrice K. Otto
Jim Carrey I'm Kicking My Ass | Liar Liar
História do Riso e do Escárnio - Georges Minois
John Cleese on Creativity In Management
Livro recomendado: Do Éden ao Divã, Humor judaico - Moacyr Scliar, Etiahu Toker e Patricia Finzi
Bio:
Ricardo Araújo Pereira (Lisboa, 1974) é licenciado em Comunicação
Social pela Universidade Católica, e começou a sua carreira como
jornalista no Jornal de Letras. É guionista desde 1998. Em 2003,
com Miguel Góis, Zé Diogo Quintela e Tiago Dores, formou o Gato
Fedorento. Escreve semanalmente na Visão (Portugal) e na Folha de
S. Paulo (Brasil) e é um dos elementos do programa da TSF/TVI24
Governo Sombra. É autor e apresentador de Gente Que Não Sabe Estar
(TVI). Com a Tinta-da-china, publicou seis livros de crónicas —
Boca do Inferno (2007), Novas Crónicas da Boca do Inferno (Grande
Prémio de Crónica APE 2009), A Chama Imensa (2010), Novíssimas
Crónicas da Boca do Inferno (2013), Reaccionário com Dois Cês
(2017) e Estar Vivo Aleija (2018) —, além dos volumes de Mixórdia
de Temáticas, que reúnem os guiões do programa radiofónico, e de um
ensaio: A Doença, o Sofrimento e a Morte Entram num Bar (2016,
também publicado no Brasil). No Brasil está ainda publicada a
coletânea de crónicas Se não entenderes eu conto de novo, pá
(Tinta-da-china, 2012). Coordena a coleção de Literatura de Humor
da Tinta-da-china, que publicou livros de Charles Dickens, Denis
Diderot, Jaroslav Hasek, Ivan Gontcharov, Robert Benchley, S.J.
Perelman, George Grossmith e, mais recentemente, José Sesinando. É
o sócio n.º 12 049 do Sport Lisboa e Benfica.