Jan 3, 2024
Gregório Duvivier (Rio de Janeiro, 1986) é actor, humorista, escritor e guionista. Começou a sua carreira no cinema e no teatro e, a partir de 2012, destacou-se como um dos criadores dos sketches do colectivo Porta dos Fundos (que foi também o que o deu a conhecer em Portugal). É também escritor e poeta, com vários livros publicados, entre os quais um livro de sonetos com que começamos a conversa.
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Índice:
(0:00) Introdução
(05:40) Livro de Sonetos
(09:00) Programa Greg News | O humor substitui o jornalismo no escrutínio ao poder político?
(23:10) A atracção no público que a genuinidade do humorista gera é idêntica à da genuinidade de políticos como Bolsonaro? | O sucesso de Lula
(29:52) As melhores piadas são que transmitem algo de verdadeiro? | Há lugar para humor sobre temas tabu? | Crítica ao humor que é apenas ‘crowd pleaser’ | Citação de G.K. Chesterton: “Humor can get in under the door while seriousness is still fumbling at the handle.”
(50:15) Como fazer humor político sem perder a graça — de Bolsonaro a Lula? Animus jocandi
(56:03) O humor político funciona mais como contra-poder ou como paliativo entre camaradas? | podcast Mamilos
(1:07:06) Polarização no Brasil | Caso da nomeação para o Supremo Tribunal | Desigualdade e racismo estrutural no Brasil | Críticas da ala progressista pela capa revista aborto
(1:28:34) Porque o humor irónico não funciona no Brasil? Como a nossa percepção do humor é indissociável do humorista | Caso da piada sobre judeus de Danilo Gentili
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Gregório Duvivier é hoje uma das principais figuras da cultura brasileira actual, mas não é fácil defini-lo, pois é, ao mesmo tempo, actor, humorista, guionista e escritor. Iniciou a sua carreira no cinema e no teatro e, a partir de 2012, destacou-se como um dos criadores dos sketches do colectivo Porta dos Fundos (que foi também o que o deu a conhecer em Portugal). Nos últimos anos, tem-se dedicado também à escrita, seja enquanto colunista seja como autor, com vários livros publicados, de diferentes estilos, da comédia à poesia.
Na nossa conversa, falámos de muita coisa, mas andámos sempre a oscilar entre dois terrenos: uma discussão meio filosófica sobre humor (ao estilo das que já ouviram aqui com convidados humoristas anteriores) e uma conversa sobre a situação política do Brasil nos últimos anos. Sendo que, na verdade, a maior parte do tempo estivemos algures na intersecção entre estes dois terrenos, porque o talk show satírico a que o convidado tem dado a cara nos últimos anos, Greg News (disponível na HBO e no Youtube), habita precisamente esse espaço difícil de definir: é um programa de humor, mas com opinião (visível seja no combate ao bolsonarismo, pela democracia, seja na defesa de uma agenda de esquerda que o Gregório não esconde).
Entre as questões que abordámos na nossa conversa estão, do lado do humor: a relação entre a nossa moralidade e a nossa capacidade para rir de algo. Que lugar existe para humor sobre temas tabu? E será que as melhores piadas transmitem algo de verdadeiro (algo em que ainda não tínhamos pensado)? Nessa linha, podemos falar de um dever do humorista em desafiar o público?
A propósito do Greg News, perguntei ao Gregório quão desafiante tem sido fazer um programa de humor com opinião -- quer na era Bolsonaro quer agora com Lula? Será que, no Brasil e não só, este tipo de programas estão a substituir o jornalismo no escrutínio ao poder político? Segundo o convidado, a autenticidade do humorista é tem ajudado a atrair público dos media tradicionais para estes programas. Ora, numa era de perda de confiança nas instituições, será essa mesma genuinidade que também explica o sucesso de políticos como Bolsonaro ou Javier Milei, na Argentina?
Do lado da política, falámos sobre a polarização do debate na sociedade brasileira, sobre a opinião do convidado sobre Lula e sobre como lidar com a desigualdade e racismo estrutural no Brasil sem embarcar num identitarismo desbragado.
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Obrigado aos mecenas do podcast:
Francisco Hermenegildo, Ricardo Evangelista, Henrique Pais
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Esta conversa foi editada por: Hugo Oliveira