Jul 31, 2019
No último episódio da temporada, e a pedido de várias famílias - que é como quem diz, de vários ouvintes - trago finalmente o tema Humor ao podcast, e logo com o convidado ideal para este tema: Ricardo Araújo Pereira.
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Há muito que queria pegar neste tema no podcast, porque o acho fascinante e misterioso ao mesmo tempo. O humor está presente em muito do que fazemos - mas não em tudo - e pode ser extremamente básico mas também desafiantemente complexo. Perceber o que nos faz rir e, mais importante, por que nos rimos é algo em tenho pensado e esta foi uma óptima oportunidade para falar com alguém que não só é provavelmente o humorista português mais marcante do século XXI mas também uma espécie de filósofo do humor e um pensador de direito próprio sobre estes temas. O pretexto para a conversa foi um pequeno, mas muito interessante livro, que o Ricardo publicou há uns anos e que ele define como “uma espécie de manual de escrita humorística”.
Este episódio é, na verdade, apenas a primeira parte da nossa conversa, porque gravámos em dois dias diferentes, o que permitiu ter uma conversa mais alargada do que o normal, em que pudemos discutir uma série de temas em profundidade.
Durante este episódio, começámos por discutir a resposta a uma pergunta simples mas que continua a ser misteriosa: por que rimos? Falámos de um livro muito interessante de Matthew Hurley, Daniel Dennett (Inside Jokes), que tenta dar uma explicação evolutiva para a nossa capacidade para achar graça e que vai muito ao encontro da visão que o Ricardo expõe no livro.” Para compreender este fenómeno do humor, passámos também pelas chamadas ‘Teorias do Humor’, que deste a antiguidade tentam explicar este fenómeno.
Um tema inevitável que também discutimos é o número crescente de pessoas ferozmente criticadas, despedidas do trabalho ou mesmo processadas por mandar uma piada. Isto resulta do facto de o humor ser hoje visto, em alguns campos, como uma fonte de poder e um meio potencial de agressão. Discutimos, então, isso mesmo, se o humor pode ser agressão, falámos de liberdade de expressão e do papel do humor nas relações humanas e na sociedade como um todo.
Mas claro que para responder a estas perguntas precisámos de voltar constantemente ao início da conversa. Por isso a discussão sobre o que é o humor e porque achamos graça esteve sempre presente.
O Quarenta e Cinco Graus regressa em setembro, com a 2ª parte desta conversa, um episódio mais longo em que pudemos explorar vários aspectos que ficaram de fora desta primeira parte. Fiquem atentos!
Fotografia: DR
Inquérito aos ouvintes:
https://pt.surveymonkey.com/r/F7FQDDZ
(obrigado por participarem!)
Obrigado aos mecenas do podcast:
Agradecimentos especiais neste episódio: Paulo Ferreira, Luís Figueiredo, Tiago Diogo
Referências abordadas na conversa:
Umberto Eco - O Nome da Rosa (riso)
Fernando Pessoa - Poema em linha recta
Laughter Of The Oppressed - Jacqueline A. Bussie
Bio:
Ricardo Araújo Pereira (Lisboa, 1974) é licenciado em Comunicação
Social pela Universidade Católica, e começou a sua carreira como
jornalista no Jornal de Letras. É guionista desde 1998. Em 2003,
com Miguel Góis, Zé Diogo Quintela e Tiago Dores, formou o Gato
Fedorento. Escreve semanalmente na Visão (Portugal) e na Folha de
S. Paulo (Brasil) e é um dos elementos do programa da TSF/TVI24
Governo Sombra. É autor e apresentador de Gente Que Não Sabe Estar
(TVI). Com a Tinta-da-china, publicou seis livros de crónicas —
Boca do Inferno (2007), Novas Crónicas da Boca do Inferno (Grande
Prémio de Crónica APE 2009), A Chama Imensa (2010), Novíssimas
Crónicas da Boca do Inferno (2013), Reaccionário com Dois Cês
(2017) e Estar Vivo Aleija (2018) —, além dos volumes de Mixórdia
de Temáticas, que reúnem os guiões do programa radiofónico, e de um
ensaio: A Doença, o Sofrimento e a Morte Entram num Bar (2016,
também publicado no Brasil). No Brasil está ainda publicada a
coletânea de crónicas Se não entenderes eu conto de novo, pá
(Tinta-da-china, 2012). Coordena a coleção de Literatura de Humor
da Tinta-da-china, que publicou livros de Charles Dickens, Denis
Diderot, Jaroslav Hasek, Ivan Gontcharov, Robert Benchley, S.J.
Perelman, George Grossmith e, mais recentemente, José Sesinando. É
o sócio n.º 12 049 do Sport Lisboa e Benfica.